segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Sobre o I Colóquio:


O I Colóquio "Filosofia e Artes Marciais" aconteceu no dia 11 de dezembro de 2013, no Auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) da UFSC, Florianópolis, SC. Ele nasceu de discussões informais sobre a fronteira entre a Filosofia (tomada em sentido estrito, como atividade metódica) e a experiência do exercício das artes marciais. O objetivo dos Colóquios é avançar sobre tal investigação fronteiriça, reunindo reflexões de indivíduos que reúnem as duas experiências, a do dojo e a dos tratados de Filosofia.

contatos: meyerluz@hotmail.com



Programação:

Alexandre Meyer Luz (
Dpto. de Filosofia, UFSC; CBJJ 14104) - ""Filosofia das Artes Marciais" ou "Filosofia e Artes Marciais"? - sobre a relação entre as duas áreas".

Nesta apresentação se pretende discutir as relações entre a Filosofia, como disciplina centrada em um
know that, e as Artes Marciais, centradas num know how, questionando-se as possibilidades de diálogo entre as duas áreas. As perguntas motivadora são sobre as possibilidades mútuas de aprendizado: poderá a Filosofia aprender algo com as artes marciais? Poderão as artes marciais aprender algo com a Filosofia? O autor pretende avançar um resposta positiva para cada uma das duas questões.

Jonathan
Elizondo Orozco (Doutorando em Filosofia, UFSC) - "Ética e Artes Marciais"

A Ética como disciplina filosófica tem sido caracterizada de varias maneiras ao longo da historia. A proposta da apresentação é explicar algumas dessas caracterizações para demonstrar que ao saber teórico escapa-se lhe a possibilidade de abranger todo o fenômeno dos valores morais. Como resposta, propõe-se as artes marciais como um instrumento de ensino/aprendizagem do âmbito da Ética que vai além da teoria, mas não para opor-se a ela, senão que para complementá-la.


Renato Mendes Rocha (Doutorando em Filosofia - UFSC) - "Filosofia & Esportes"


Nesta apresentação de caráter geral e introdutório pretendo falar sobre as possíveis ligações entre Filosofia & Esportes. Por um lado, a Filosofia é habitualmente vista como uma atividade meramente intelectual e totalmente desvinculada de alguma atividade física. Por outro lado, o Esporte pode ser visto como uma atividade meramente do corpo físico em que o raciocínio intelectual tem importância secundária. Esta distinção sugere a adesão a algum tipo de dualismo de substância corpo-mente, ou seja, uma perspectiva metafísica de que a realidade é composta por duas substâncias distintas, uma material e outra imaterial, e que interagem de alguma forma.  Nesta apresentação pretendo mostrar que estas barreiras do senso comum podem ser revistas e que as duas atividades - filosofia & esportes - podem ocorrer simultaneamente em uma relação de benefício mútuo.


José Claudio Matos (Doutor em Filosofia pela UFSC. Professor de Filosofia da Educação na Faculdade de Educação da UDESC. Professor de Sanda pela Confederação Brasileira de Kung Fu – Wu Shu) -  "As artes marciais como sociedades – o caso do sistema brasileiro de graduação de Sanda"

As disciplinas de artes marciais são caracterizadas como comunidades detentoras de certa tradição. Esta tradição normalmente reforça atitudes conservadoras e desencoraja inovações e a experimentação. Diante de um ambiente social modificado, nos últimos anos, por um novo perfil do praticante e uma nova dinâmica comercial e cultural, observa-se diversas modalidades manifestarem uma valorização da experimentação, da novidade, e de uma relação mais aberta entre as disciplinas das artes marciais. A fim de refletir sobre essa mudança, poder-se-ia conceber as modalidades como sociedades, e empregar o critério desenvolvido por John Dewey para avaliar as sociedades, tendo como horizonte certo conceito de democracia, fortemente marcado pela incorporação do pensamento reflexivo e do método científico como controle intelectual e prático das atividades sociais. O caso específico da graduação
brasileira de Sanda é representativo desta mudança adaptativa das artes marciais ao novo meio social.